terça-feira, 9 de agosto de 2016

DISARTRIA


    A fala é uma atividade motora que requer elaborado ajuste de programação e de execução. Qualquer falha neste sistema gera uma resultante dificuldade de comunicação e o sujeito sofre o efeito desta dificuldade, com forte repercussão no âmbito social, físico e psicológico.
    Os transtornos motores da fala decorrentes de uma lesão neurológica são divididos em dois grandes grupos: disartria e dispraxia de fala. Tais quadros clínicos apresentam clara distinção de conceito, de sintomatologia, de classificação, de propedêutica e de conduta profissional, incluindo a questão terapêutica. 

    A disartria é um quadro em que há o comprometimento do controle muscular das estruturas do sistema estomatognático, resultando em um desequilíbrio dos padrões de respiração, fonação, ressonância, articulação e/ou prosódia.


     A classificação da disartria é feita com base na topografia da lesão e na avaliação clínica que, por sua vez, engloba os aspectos estruturais e funcionais, evidenciando o tipo de acometimento neuromuscular. As disartrias são, mais comumente, classificadas em: espástica (por lesão de neurônio motor superior), flácida (lesão de neurônio motor inferior), mista (combinação de diferentes tipos de disartria), hipocinética (núcleos da base), hipercinética (núcleos da base) e atáxica (cerebelo).


TIPO DE DISARTRIA
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
Disartria flácida
(Síndrome Guillain-Barré) /SNP
Hipernasalidade, voz soprosa ou rouca.
Disartria Espástica/SNC
-Lesão Piramidal
-Lesão Extrapiramidal
Imprecisão articulação das consoantes, voz rouca, qualidade vocal Tensa-estrangulada.
Disartria do NMS unilateral
Quadro leve. Alteração no AMR (alternate motion rate).
Disartria hipocinética
(Parkinson)
Gânglio Basal
Articulação com amplitude diminuída, voz soprosa, aumento da velocidade de fala e possíveis alterações de fluência.
Disartria hipercinética
(Huntington)         -Coreia
                        -Distonia
Distorção na produção das vogais, imprecisão na articulação das consoantes, tensão a produção fonoarticulatoria, voz áspera.
Disartria atáxica
Cerebelo
Voz áspera, alterações da estabilidade vocal e alterações prosódicas.
Disartria mista
ELA / Esclerose Múltipla / Doença de Wilson
Diversas características dos diferentes quadros.


Diagnostico diferencial entre Disartria e Apraxia

   A apraxia de fala é uma dificuldade de origem central na execução e sequencialização dos movimentos musculares necessários para a fala. Às vezes ela pode ser confundida com a disartria, mas na verdade são bem diferentes. Na disartria, o músculo esta afetado. Na apraxia o músculo esta bom; o problema esta no comando do movimento.      A apraxia de fala vem isolada. Não é como a disartria que vem acompanhada da existência de baba e de problemas de mastigação e de deglutição.

    O fonoaudiólogo é o profissional habilitado a realizar o diagnóstico e a classificação, a definir o planejamento terapêutico e, mais ainda, a estabelecer o diagnóstico diferencial entre estas duas entidades clínicas. Além disso, é também seu papel orientar a equipe, a família, o paciente e os cuidadores, quanto à conduta mais apropriada para potencializar a comunicação do paciente, sem perder de vista a funcionalidade da mesma.


Fonte: 
Página(s) : p.316 
URL  http://www.sbfa.org.br/portal/suplementorsbfa 






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